Queria,
no crepúsculo de todas as tardes
que já esvaeceram,
poder estacar o tempo,
e todas as palavras que disseram adeus.
Queria,
fazer adormecer os últimos raios de sol,
em cada segundo
para que um novo dia chegasse iluminado
com pinceladas de alegrias inalteráveis.
E que elas fosse eternas,
ou ainda ecoassem no vento.
Distante e inatingível está o passado
que um dia te fez sair do meu útero,
e se aninhar pequenino e indefeso nos meus braços,
abraços, afagos e noites mal dormidas.
Tudo se esvai
Sempre. Lentamente.
Até as dores,em pinceladas de melancolia.
Ah, cruel céu mutante de muitas galáxias!
Somos hoje passageiros de uma agonia que se desfaz
em brumas e beijos de sonhos.
Nada mais que isso.
E tudo é levado atrozmente pelo tempo,
numa série ininterrupta e eterna de instantes.
Porém, ainda resta uma luz que flutua no teu olhar,
ressuscitando todas as cores que o tempo levou
da tua infância,
e que tanto me fizeram feliz,
única e poderosa.
A tua imagem hoje, ainda presa a mim
mesmo que modificada,
madura e
crescida,
traz versos que me prendem,
e colam minh'alma à tua.
Há ainda uma sintonia só nossa,
trépida no teu olhar.
E é através desse teu olhar,
meu menino-homem-grande
que ainda te vejo criança,
ainda desejo desesperadamente
que me beijes,
e que me chames de “mamãe”,
daquele jeitinho que me chamavas
quando pisavas na areia daquela praia
repleta de pássaros,
que inocentemente
te levaram , fazendo-te voar
para tão longe de mim.
Não sei dizer para aonde foi aquela criança
de sorriso maroto
e olhos puros.
Talvez esteja ai dentro de ti
escondida,
na voz que hoje repousa mais rouca, mais temporal
guardando a alma de menino,
de bala e algodão doce, de riso e inocência.
Só, quero de ti,hoje, filho amado,
que continues a correr ,
por caminhos em branco que esperam tua passagem.
Não mais me deterei nas memórias de um ontem,
que devorou os meus sonhos.
Curvar-me-ei ao vento!
Mas,
te peço, filho amado:
Não voe,nunca jamais, para tão longe de mim,
até que eu me vá...
E, antes que o sol se vá de vez,
para nunca mais voltar,
(que nem aquela criança que você foi)
só te peço ,nesse instante,
que me abraces,
me afagues
e me sorria sem nada dizer.
A vida prossegue.Segue.
Indiferente aos meus devaneios que se perdem em alto mar.
Olhei essa fotografia fascinante , e lembrei de meu filho.
Quando pequeno, eu o levava muito para a praia, e ele gostava de correr nos fins de tardes,na areia branca,para tentar pegar pássaros que pousavam na beira do mar.
Ele cresceu, já é um homem, e hoje ao ver essa imagem,senti uma pontinha de melancolia, e muita saudade daquele garotinho pequeno e indefeso que gostava de chutar para o alto , a espuma da água que teimava em se formar,no mar.
É estranho quando paramos para questionar a nós mesmas, - mães, que um dia embalamos os filhos - para aonde foram as nossas crianças. Eles crescem tão rápido,se transformam nm soprar do vento, e voam, mas das nossas mentes, a lembrança infantil,nunca se vai!